Pelo menos 40 estudantes que hoje frequentam universidades públicas do Nordeste, principalmente em cursos de medicina nas instituições federais, foram beneficiados por um esquema de fraude no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em 2013 para ingressar de forma irregular nas universidades, segundo investigação da Polícia Federal no Ceará.
Nesta sexta-feira (14), a PF prendeu quatro pessoas, na Paraíba e no Ceará, suspeitos de chefiar um esquema para fraudar o Enem nos anos de 2013 e 2014 e, com as notas adulteradas, ingressar pelo sistema de cotas em cursos concorridos de universidades públicas.
A polícia ainda cumpriu nove mandados de busca e apreensão nos dois Estados e no Piauí. Foram recolhidos documentos e computadores na casas dos quatro suspeitos e também de alguns dos estudantes supostamente beneficiados na fraude.
Segundo a polícia, a quadrilha enviava o gabarito da prova, por mensagem de celular, para os candidatos enquanto eles realizavam o teste. Pelo resultado antecipado, cobrava R$ 30 mil.
A PF afirma que vai apurar como a quadrilha elaborava o gabarito. A intenção é descobrir se alguém com conhecimento das disciplinas realizava as provas e repassava as respostas ou se o grupo tinha acesso prévio ao exame.
Se comprovada a irregularidade, os estudantes envolvidos no esquema poderão perder a vaga nos cursos, além de responder pelo crime de fraude em certames públicos (caso do Enem), com penas que podem chegar a oito anos de reclusão.
O presidente do Inep, Chico Soares, informou que está descartada a possibilidade de cancelar o Enem por causa da suposta fraude e que o instituto acompanha as investigações da polícia.
Segundo a chefe do núcleo de inteligência policial da Superintendência Regional da PF no Ceará, delegada Andréa Assunção, o foco da quadrilha era obter vagas de forma ilegal principalmente para o curso de medicina, um dos mais concorridos nos vestibulares.
A PF não informou quem são os quatro detidos, mas disse que eles não são funcionários públicos nem trabalham em empresas que elaboram os exames para o Inep, órgão do Ministério da Educação responsável pela aplicação do Enem no Brasil.
Ainda segundo a delegada, aproximadamente 40 estudantes se beneficiaram do esquema no ano passado, mediante fraude, para conseguir ingressar nas universidades pelo sistema de cotas.
A polícia não informou quantos seriam os beneficiários do esquema fraudulento para o Enem deste ano.
PIAUÍ
Já no Piauí, outra investigação da Polícia Federal apura a denúncia feita por um candidato do Enem que afirma ter recebido o tema da redação antes de o exame ser aplicado.
A imagem da suposta prova teria sido enviada pelo aluno por Whatsapp, aplicativo de mensagens por celular, na manhã do último domingo (9), horas antes do início do exame (13h, pelo horário de Brasília).
Em nota, a PF no Piauí informou que instaurou inquérito para “apurar a veracidade ou não dos fatos”. Cerca de 8,7 milhões de pessoas se inscreveram para a prova do Enem deste ano.
Folha
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