Por Elaine Faustino (*)
A estrutura pública foi reconhecida pelo próprio Jesus Cristo quando
disse ¨Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus¨.
(Mateus 22.21). Quando levaram uma pecadora perante o Senhor, evitando o
confronto, sem descumprir a lei, ele proferiu: ¨Aquele que dentre vós
estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra¨ (João 8.7). Com
isso, demonstrou buscar o consenso e a paz social com sabedoria.
Para que haja a paz social, todos devem cumprir as leis, que são
influenciadas pelos valores de quem as elabora e as vota. Leis
elaboradas e aprovadas por pessoas de bons princípios são mais benéficas
à coletividade. Lamentavelmente, por vezes, o povo, de boa-fé, escolhe
seus representantes enganadas por técnicas de marketing com campanhas
financiadas por recursos de origem duvidosa. Os valores em jogo não são
morais, mas financeiros.
Para confrontar esse quadro vergonhoso na política nacional, em que se
desperdiçam os recursos públicos enquanto a população sofre, é
necessário que estejam ocupando os cargos do Executivo e do Legislativo,
pessoas que tenham condições de enfrentar a sedução da corrupção e que
não tenham valores morais frágeis, frouxos ou elásticos. É necessário
que tenhamos políticos incorruptíveis e que haja verdadeiramente amor
pelo próximo.
O sábio rei Salomão, entendido em administração pública e poder
político, afirmou que ¨ Quando os justos se engrandecem, o povo se
alegra, mas, quando o ímpio domina, o povo suspira¨ (Provérbios 29.2). É
o que está acontecendo há tanto tempo no Brasil e em diversas partes do
mundo onde os ensinamentos de Cristo são desprezados.
As religiões não têm solução para os problemas sociais, pois cada um tem
a sua e a corrupção continua. Os cientistas sociais desenvolvem estudos
profundos na busca de soluções para as graves questões que afetam à
sociedade, mas obtém sucesso muito limitado. O progresso
científico-tecnológico é usado tanto para o bem quanto para o mal. As
idéias proliferam de forma vulcânica. A imprensa cerca por todos os
lados, visando dar maior transparência as ações públicas. A tecnologia
aumenta a eficácia dos instrumentos do Estado que buscam, combater os
criminosos, mas nada disso tem coibido de forma eficiente a corrupção.
Embora tenham dado sua contribuição, todos os instrumentos e métodos
citados não mudam o caráter dos políticos e administradores, pois a
grave deficiência encontra-se nos valores.
Muitos políticos profissionais baseiam-se na premissa de Maquiavel de
que os políticos profissionais que mais se destacam são aqueles que
pouco se preocupam em honrar as suas promessas. O homem de bons
princípios, entretanto, tem compromisso com a verdade, visto que é
próprio da política não ter vínculos morais e valores éticos rígidos e
bem definidos. Só resta ao povo escolher pessoas para ocupar cargos
públicos eletivos que, antes de se envolverem diretamente com a
política, demonstrem que sejam dignas; antes de obterem poder,
demonstrem que não têm sede dele; antes de terem muito, tenham dividido o
seu pouco; antes de prometerem ser fiéis no poder, o tenham sido fora
dele; antes de terem compromissos com homens, tenham-nos com Deus.
(*) Elaine Faustino é Assistente Social e está como chefe de gabinete do executivo de São Pedro/RN.